quarta-feira, abril 20

CRÔNICAS DE 4ª - "MEIO OCULTO”...


Quem nunca ocultou ou escondeu alguma coisa por um tempo! Acho que toda pessoa, normal, já fez isso, mesmo quando criança, adolescente ou adulto. Pode ser dos pais, dos irmãos, dos tios, dos avós, dos vizinhos, ou até mesmo do animal de estimação; quem não teve algum tipo de compartimento secreto? Um fundo de gaveta, atrás do guarda roupas, embaixo da cama ou do colchão, em cima da laje, no meio do livro, atrás de um quadro, entre tantos lugares improváveis e possíveis, que só quem quer esconder alguma coisa pode imaginar, como meio de achar um lugar que ninguém vai perceber.

Pode parecer coisa sem grande valor para quem está de fora, muitas vezes pode até parecer besteira, mas também pode gerar grandes confusões... Dinheiro, joias, doces, cartas de amor, fotos comprometedoras, fitas e revistas eróticas, ou até mesmo coisas ilícitas (maço de cigarros, ou outra coisa do tipo), tudo isso pode ser secreto!

Até hoje, não me esqueço da novela que era meu boletim escolar da quinta série, dava um “puta” trabalho para esconder; parecia que todo lugar que eu escondia, era óbvio de mais, e acho que isso sempre acontece quando se esconde uma coisa comprometedora. Existe toda uma tensão, e o pior é que além de esconder dos meus pais e até de minhas irmãs (sabe como são os irmãos, às vezes eles são cruéis demais, pode sair caro pedir para um irmão guardar segredo), eu tinha que evitar a pergunta de minha mãe sobre a possível chegada do boletim que nunca chegou, e quando não tinha saída a resposta era clara e direta, “Eles só vão mandar o boletim para quem realmente precisa, para quem está na média eles não mandam”, e logo em seguida eu já mudava de assunto, depois era só devolver o boletim assinado, e todo mundo sabe quem é que assinava.

Dois anos depois, os MAMONAS ASSASSINAS, fizeram uma música, que toda vez que ouço, me lembro do boletim, e da quinta série.

“Quando eu repeti a 5ª série E,
Tirava E, D, de vez em quando um C
Mais de dez minutos se passaram-se 
Cê, cê, cê, cererê cê cê...”